"Um caminho que se percorre não com pernas, mas com coração. E onde o único desafio que vale, é percorrê-lo por inteiro."


domingo, 26 de dezembro de 2010

Honestamente


Sem críticas ou mágoas, apenas honestidade.
Natal, final de ano.
A gente sempre fica pensando e fazendo um balanceamento do nosso ano, de tudo que nos aconteceu de bom e de não tão bom assim.
Tudo que aprendemos e o que ainda precisamos aprender.
Todas as experiências novas e também as velhas que foram repetidas.
As atitudes que tomamos, as que não tomamos e as que deveríamos ter tomado.
As oportunidades que agarramos e as que deixamos passar. O caminho que elas nos levou.

Assim como não acredito em certo e errado, quero evitar classificar um ano em bom ou mau.
Pra mim não faz muito sentido.

Mas quero falar algo sobre ele.
Esse pra mim foi um ano... no mínimo intenso.
Nos mais diferentes sentidos.

Impossível não dizer, que tive um ano com muitas decepções.
Eu, Lívia, leonina. Acredito demais nas pessoas. Amo demais as pessoas.
Já ouvi muita gente falar: "Eu confio nas pessoas quando elas me provam que eu posso confiar nelas.".
Eu faço o contrário.
Confio muito nas pessoas até que elas me provem que eu não posso mais confiar nelas.
E com isso, inevitavelmente eu sofro.
Eu confio demais no ser humano. Talvez ele não mereça, mas eu confio.
Esse ano muitas pessoas me decepcionaram. E isso não foi nada bom.
Eu perdi pessoas que achei que nunca perderia. Sofri e chorei por isso.
Pessoas que eu confiei minha vida, com quem planejei um futuro, pessoas que eu mais confiava, de repente não estão mais comigo.
Sim, ficou uma mágoa. Parece que isso sempre acontece comigo. Mas não consigo ser diferente.
Sei que vou sempre acabar sofrendo por isso.
Mas fazer o que. Sou assim. É meu instinto.
Agora fica apenas a lembrança de bons momentos.
Melhor pensar neles do que nas traições e decepções que sofremos.

No final das contas todos nós estamos sozinhos.
E foi até bom, saber que mesmo sozinhos, sobrevivemos.

Esse ano foi um ano de amadurecimento.
Foi o ano em que me vi adulta pela primeira vez.
(Queiram acreditar ou não. rs)

Apesar de não ter trabalhado tanto quanto gostaria, foi um ano bom profissionalmente.
Tive algumas decepções com a carreira, mas também tive reconhecimentos muito bons.
Caminhei mais um passo para corrigir o único defeito que um querido diretor me apontou anos atrás: "Insegurança. Só falta você acreditar mais em si mesma.".
Esse ano sinto que caminhei bem quanto a isso.

Agradeço o reconhecimento de todos.
Amigos, alunos e companheiros.
Ah, é claro...
Vamos para um outro aspecto.
Esse foi um ano doce.
De paixões e beijos inesquecíveis.
De aventuras e risadas.
De muitas baladas, bebidas, gritos e "danças".
Foi um ano de muitas noites viradas, muitas doses de tequila e de muita cerveja no bar.
E assim que deve ser.

Foi um ano difícil para minha família.
Com sérios problemas de saúde da minha avó.
Hoje dou muito mais valor a ela.
Não quero mais passar um dia sem abraçá-la e dizer que a amo.

Foi um ano de total, definitivo e irrevogável distanciamento com minha mãe.
Mas tudo bem.
Não adianta esconder o que já sabemos. A gente aceita e segue em frente.

E também foi um ano onde pessoas queridas se destacaram pra mim.
Cuidaram de mim quando precisei.
E pra elas, meu muito obrigado.
E meu eterno carinho.

Obrigada pela estrela, que tanto significou pra mim.
Obrigada pelo colo e pelo carinho, pelos ouvidos principalmente.
Meu muito obrigado pelos bons momentos.
Pelos sonhos compartilhados.
Pelas palavras de sabedoria.
E principalmente pela preocupação.
Preocupação que deixa evidente o amor.

Meus votos são para que as pessoas sejam mais íntegras.
Sejam mais felizes.
Menos interesseiras e mais transparentes.
Que as pessoas aprendam a se importar com os outros e não só consigo mesmas.
Que a palavra "desculpa" realmente não cura nada, mas pode ajudar.
Que as pessoas aprendam a arriscar mais e a serem mais felizes.
Que pensem nas soluções e não nos problemas.
Que não julguem o próximo e mantenham a mente aberta.
Que não existam erros, apenas escolhas um tanto infelizes, mas que sempre nos mostram algo de novo.

Que o frescor do novo, de um novo ano ilumine os olhos.
Que as feridas cicatrizem e sejam deixadas para trás.
Que as lágrimas de tristeza caiam para que outras possam nascer, de felicidade.
Que os amores se encontrem. E vivam tudo que tiveram para viver.
Que não nos falte coragem para realizar nossos sonhos.
E que a sorte sempre esteja do nosso lado, auxiliando-nos.
Que a saúde e a harmonia sempre reine em nosso corpo e espírito.
Que minhas energias sejam suficientes para expandir um mundo. O nosso mundo.
Que esse grande cosmo me alimente.

E que a vida seja mais desfrutada.
Que meus olhos só possam enxergar as belezas, e que minha mão seja apenas uma, das milhões que apagam os problemas do mundo, com facilidade.

Porque juntos, é mais fácil.


Feliz 2011 para todos.

domingo, 21 de novembro de 2010

Oh god

Existem dois assuntos que sempre rendem quando não se tem mais o que falar numa roda de amigos.




SEXO.





e RELIGIÃO.





Semana passada me vi numa rodinha de amigos conversando sobre o segundo assunto, já que o primeiro, por ser o mais especulado, todo mundo já sabe tudo de todo mundo.





Sou conhecida pelas opiniões diferentes e pela (como meu pai sempre fala) "autenticidade", seja lá o que isso signifique pra ele. E sabendo que (como quase sempre) não tenho uma opinião que se mantém com a maioria, uma amiga virou pra mim e perguntou:
"Mas Lívia, você não acredita em Deus?" e em seguida, "Tá, mas você reza?".





Não estou aqui escrevendo sobre esse assunto com o objetivo de convencer alguém ou fazer propaganda, ou até mesmo desacreditar ou confundir. Nada disso. É apenas uma reflexão aberta sobre minhas crenças.


Aproveito esse espaço, porque, pelo motivo que verão a seguir, esse não é um assunto de que eu fale muito. Na verdade quase não falo sobre isso. Nas poucas vezes que falei me senti meio "a estranha", mas tudo bem. Aí vai.





Eu não tenho religião.
Não, eu não me considero atéia.



Acreditar em Deus? Não sei.
Sim e não.



Se eu rezo?
Não eu não rezo.
Mas sim, eu me comunico, eu me expando, eu confraternizo.



__________________________________________________




Fui criada em uma família católica.
Fui batizada, fiz catecismo e primeira comunhão.

Odiei fazer.
Lembro até hoje da minha primeira e única confissão.
Me senti uma prisioneira se confessando pra acabar na pena de morte.
Uma das perguntas horríveis do padre, pra mim, uma menina de 11, 12 anos, foi se eu já tinha beijado algum menino.
Eu achei aquilo tão absolutamente cruel e ignorante.
Disse a verdade, que sim.
E levei muitas "ave marias" pra rezar em casa, porque era pecado.
Meu nojo pela igreja católica havia começado.

Recusei a crisma. Como sempre causando polêmica na família.



Fui em igreja evangélica.
Frequentei centro espírita.
Conheci muita gente da umbanda.
Estudei Wicca, bruxaria verde.

Li a bíblia.
E li "O código DaVinci".
Eu não acredito na Bíblia.
Pra mim ela foi escrita por homens com interesses políticos. Apenas isso.




Depois de tudo chego hoje a uma conclusão muito pessoal.
Deus não criou nada.

Nós criamos Deus.


Acredito que as pessoas precisam buscar uma explicação para aquilo que não conseguem entender.


Acredito que para muitas delas viver somente a vida, sem ter uma esperança por algo maior, uma crença por algo que não se pode ver, mas que elas podem pedir ajuda e confiar que tudo dará certo, seria terrivelmente desesperador.


Ver que é simplemente isso, que você é apenas você, e a Terra é apenas a Terra e não existe nada maior tomando conta, ou cuidando de você, ou traçando sua missão, ou te esperando no paraíso, é uma ação bruta que a maioria das pessoas não aguenta.


Elas criam Deus porque precisam acreditar em algo maior.
Porque só a vida não basta. Porque a dor e o desespero as toma.





E o que eu acredito?
Bem, eu acredito realmente em muitas coisas.



Eu acredito em mim.
Eu acredito na energia. Uma energia equivalente ao Deus de algumas pessoas.
Eu acredito imensamente no universo e na energia que nos une.
Eu acredito nos animais.
Acredito na natureza.
Acredito na água, nas frutas.
Acredito no meu corpo, no fogo, na terra e no ar.
Acredito nos peixes e nas pedras.
Acredito na vida e não na morte.
Acredito em me alimentar de vida.
Acredito no cristal.
Acredito no olfato, no paladar, na visão e no tato.
Acredito nos meus sentimentos.
Acredito na minha coluna e nos meus pés.
Acredito que toda ação que pratico tem uma imensa interferência na minha vida e na vida dos outros.
Acredito que tudo está ligado. Minha ações reagem com o universo.



Eu não rezo, mas eu falo comigo mesma, e falo com o cosmo.
Eu não acredito em Deus, mas eu acendo velas porque gosto do sentir o fogo e o cheiro.
Eu não acredito em pecados e punições. Mas eu mesma julgo minhas ações pelo que penso.
Eu acredito na vida, sou vegetariana e não me alimento da morte.

Eu acredito no gosto do vinho e na embriaguez, que nos leva a novos sentidos e visões.
Acredito no gosto do beijo e do sexo.

E não sinto culpa no que acredito.


Sinto prazer.
Acredito no prazer.




___________________________________________________


Semana passada, no fim da tarde eu estava na minha sacada treinando claves de malabares.


A energia que sinto quando jogos claves, o corpo expandido, a rápida percepção, o ritmo, o contato com o universo. Isso pra mim é Deus. Eu me sinto bem. Viva.


Passei horas lá. Sentindo. Aproveitando.
E recebi um milagre.
Começou a chover.
Eu continuei.
E esperei a chuva me ensopar.
Fiquei jogando malabares cada vez mais rápido, cantando na chuva.
Isso pra mim é Deus. É reza. É tudo o que pensam de religião.
Essa é minha religião.
Deus está na chuva.




A chuva se tornou tempestade e durou horas.
E eu corri, gritei, pulei e me deitei no chão.
Jurei receber o milagre até a chuva passar.
Cumpri.
Apenas voltei pra dentro quando a chuva passou. Esperei a última gota.
A liberdade que devora meu corpo é Deus.



Ontem mesmo.
Uma noite quente.
Depois da meia noite peguei meu violão, que estou começando a tocar.
Esse violão meu avô, o nono, que eu tanto amava, deixou pra mim antes de morrer.
E agora, depois de anos, chegou o momento deu aprender a tocá-lo.


Aprendi algumas músicas.


E ontem em especial uma que eu amo. "Esconderijo", da Ana Cañas, que motivou meu último post aliás.

Meu pai me falava quando eu era criança, que os mortos viram estrelas.
Que se um dia ele não estiver mais comigo, basta eu olhar no céu para ver ele na mais linda estrela. Pedir ajuda ou sentir o carinho. No Rei Leão isso também é falado, rs.


Sou do signo de Leão e meu pai acha isso especial.
Ele sempre cantava "Leãozinho" do Caetano Veloso pra mim.

Então ontem eu fui na minha sacada meia noite.
Não tinham estrelas no céu, mas imaginei meu avô.
E toquei a canção que aprendi pra ele. Pra ele e pro universo.

No final da canção uma nuvem se foi, mostrando uma única linda estrela.
Ontem eu toquei uma música pro meu nono, no violão que ele me deixou.
Isso pra mim é Deus.

Não eu não rezo pros mortos, nem acendo velas, nem acredito em céu, inferno, Apocalipse e afins.


Mas eu sou capaz de sentir o amor de meu avô, conversar com ele e lhe mostrar a música que aprendi com tanto carinho.





Deus pra mim não existe.

Eu sou Deus, vivo Deus e respiro Deus.

Sinto-o ao tocar uma música, aos aplausos de fins de espetáculos, levando meu cachorro pra passear no parque e me emocionando com um livro.

Energia me gere e me basta.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Esconderijo

Beijos...
Beijos.
Indescritíveis.
Como falar sobre o que se sente no momento do toque.
Das sensações. Sonhos.

Respiração.

Já tive muitos beijos.
Muitas bocas.
Lábios.


Diferentes.
Rápidos.
Sufocantes.
Calmos.
Doces.
Felizes.
Tristes.
Sonhadores.
Com vontade.
E sem vontade também.
Eróticos.
Quentes.
E frios, porque não?
Muito fortes.
Fortes demais.
Leves.
Mordidos.
Carinhosos.

Gosto.
Gosto de gostar de beijos.


Alguns sinto tanta falta.
Uma falta infinita.
Insaciada.

Outros nem tanto.

Mentira se disser que lembro de todos.
Lembro do gosto.
E lembro do toque.

Na verdade não é nada.
Só lembrar de beijos.
Enquanto escuto Ana Canãs no velho toca CD do meu lado.

Procuro a solidão
Como o ar procura o chão
Como a chuva só desmancha
Pensamento sem razão
Procuro esconderijo
Encontro um novo abrigo
Como a arte do seu jeito
E tudo faz sentido
Calma pra contar nos dedos
Beijo pra ficar aqui
Teto para desabar
Você para construir

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Parto do parto

No começo era o tempo.


É engraçado como minha memória arquiva as pequenas sensações, cores. E não os fatos em si.
Mas era o tempo, no começo era ele.
O começo era verde. Tão verde como a grama. Nem seca nem viva.
Lembro das tardes, muitas tardes. Nem tão felizes.
Lembro do som das risadas e das canetas.
Lembro do verde, aquele mais escuro bem a minha frente.
Também lembro dos cartõezinhos.
Lembro dos tatu-bolinhas. Sim, dos tatu-bolinhas e do vermelho em quatro rodas.
Lembro do boné e lembro do xadrez.
Lembro do cheiro de coisas novas.
Recordo a brisa leve no rosto e um sorriso mais alto.


Mais tarde era ócio.
O ócio sempre ativo.
Lembro do cinza. Que diferente de muitos cinzas era um cinza feliz.
Lembro das pedrinhas e do pó.
Lembro do azulejo amarelo e lembro das mentiras deliciosas.
Lembro da liderança e da incompreensão.
Lembro de um cachorro gigante e da minha imaginação.
Lembro bem dos olhares e lembro da vida-dupla.
Também lembro da música e do papel riscado.
Lembro do som das notas e dos patins quebrados.
Recordo o cheiro do chão. Cimento maltratado.


O que recordo é sempre vago.
Cores e formas em meus olhos.
Quase sem significado.
Algo distante, daquele distante que é bem leve.


Até que nasci.

A maioria das pessoas nascem apenas uma vez.
Eu sei que posso mais que isso.
Não sei se é bom ou ruim, mas é verdade.
Não me importo com o que pensam, eu posso nascer de novo e tenho o controle disso.
Eu nasci duas vezes até hoje. Estou em busca da terceira.


Do primeiro nascimento lembro do abraço.
Bem quente. Hoje ele é frio e cheio de saudade.
Saudade até do futuro que nem vem.
Lembro apenas das cores, cheiros e sons.
Nada mais.


Sei que o tempo entre o meu primeiro e segundo nascimento estava realmente com pressa.
Não parou nenhum momento.
Correu, correu e não descansou.
Lembro que ofereci água. Tentativa falha de distraí-lo. Mas não adiantou.
Em seguida tentei chocolate, chiclete e bala. Nada.
Minha última tentativa foi o beijo. Negou.
Correu e até voou.


Do segundo nascimento me lembro do som das canecas de metal.
Minhas lembranças são um pouco mais vivas.
Mais claras e nítidas.
Um tico mais presentes.

Me lembro da manteiga não comprada.
Lembro da madeira e da cortina preta.
Lembro do mestre e lembro da energia.
Lembro de todos.
Recordo do tom da voz.
Recordo do corpo estranho e dos corpos estranhos.

Lembro do sabor do beijo. Dessa vez o tempo aceitou.
Claro que não por muito tempo, mas ele descansa comigo agora.
As vezes me acorda de noite pra dormirmos juntos.
Lembro do tesão que nunca mais me abandonou.
Recordo do gosto do novo.
O gosto da uva.
Lembro de caminhar entre panos.


Viver depois do meu segundo nascimento foi totalmente diferente.
Na verdade, acho que VIVER, no sentido inteiro, completo, ninguém no mundo viveu.
E ao mesmo tempo, todo mundo.
Mas sei que cheguei muito mais perto de sentir a dádiva de viver após meu segundo nascimento.
Sou grata por ele. Eternamente grata.
Não gostaria de estar viva sem ter nascido de novo.


Nascer é um processo difícil.
De luta por dentro.
Dói. Sangra. Sofre.
Por isso muitas pessoas escolhem nascer somente uma vez.


No sentido cronológico da coisa foi assim.
Decidi que queria nascer de novo. E lutei. Ah lutei.
Essa gestação durou pouco mais dos típicos nove meses.
Cerca de de um ano e pouco. Não me recordo ao certo.



As formas, cores, gostos e sons tomaram outra proporção.
Tudo mudou.
Vivo meu segundo nascimento.
Ele tem um gosto maravilhosamente ardido e apimentado.
Doce e sensível.
Quente e salgado.
As vezes se torna frio, frívolo e congelado.
E de vez em quando corre como o diabo.


Nasci de dentro de mim.


Eu sei que meu segundo nascimento é o meu lugar!
E a ele vou eternamente pertencer. Minha alma estacionou lá.
Estou namorando a ideia do terceiro nascimento. Esse é bem curioso na verdade.
Não o vejo tão importante quanto o segundo. Passa longe disso. Mas o quero mesmo assim.


Nascer viver transformar morrer.
Eu sei que gosto do gosto.
Do toque de Agosto.

Sou capaz de seduzir o tempo se for preciso.
O beijo quente, úmido, arisco.


O pé marcado a fé com fogo.
O brilho gostoso.


Do inevitável amado forçoso.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Definitivo

Uma grande amiga é aquela que se torna presente mesmo quanto está ausente.
Essa grande amiga me mandou essa poesia que coloco aqui.
Só queria antes agradecer a ela por todos os momentos, palavras, olhares e abraços.

Obrigada por estar comigo. E você está! =)

Kelly... Doce Kelly!



Definitivo
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas
nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...


Carlos Drummond de Andrade


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Corre Cotia



Menina! Menina!
Não é todo dia!
Toma jeito!

Ei menina!
Que ousadia!
Olha o respeito!

Menina Menina!
Sai da neblina!
Vive direito!

Ô menina!
Mas que folia!
Tudo imperfeito!

Menina!
Cadê a rotina?
A cor da cortina?
A rua da esquina?
Ah menina...
Bem feito!

Todo o despeito!
Estou satifeito.
Em tirar proveito.
E ver tudo desfeito.

Cadê a menina?
Vai menina!
Cobra o leito...


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Lunachicas!


Trabalho realizado pela Trupe Lunachicas na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que ocorreu do dia 11 ao dia 22 de agosto.

A trupe é originalmente formada por:
Jessica Miranda
Karine Bertagnoli
Lívia Lunardi
Melca Medeiros

Nosso email: trupelunachicas@gmail.com
Siga-nos também no twitter: www.twitter.com/TrupeLunaChicas





sábado, 24 de julho de 2010

Reflexo e reflexão

Nesse momento me encontro sentada num quarto de hospital.



Na cama ao meu lado, a senhora está deitada, debilitada, respirando com ajuda de um aparelho de oxigênio.

Estou sentada num sofazinho.
Verde.
Verde bem claro.

Minha bolsa do lado. Aberta. Saindo dela "A menina que roubava livros".
O marcador na página 19.

Esse livro começa com um prólogo da Morte.
.
.
.
.
.


Olho para o rosto da senhora.
Bem pálida.
Ela está dormindo. Respira com dificuldade mas quase não se mexe.
Ela está tomando uma medicação injetável.
O soro cai numa velocidade média.
Gota por gota.

.

.

.

.

.

.

A televisão está desligada. Olho e vejo o reflexo da senhora, meio escuro.
Parece mais triste o reflexo do que a visão.
.
.
.
Presto atenção nas marcas na pele dela.
Marcas de idade.
A pela enrrugada, as manchas.
Cabelos muito brancos, já compridos de tanto tempo internada.
.
.
.
.
.
.
.
.
Pego a mão dela. Noto a semelhança da mão dela com a minha.

Meu sangue.

Se não fosse aquela senhora eu não estaria viva.
E quando eu for a senhora na cama?
.
.
.
.
Senti pena.
Senti dó.
Senti dor.
.
.
.
.
.
Desejei nunca ter que passar por isso.
Por enfermeiros trocando fraldas, por dependência da família, por falta de saúde, por comida na boca e dentaduras sujas.
Passar, talvez últimos dias num quarto verde claro.
.
.
Minúsculo.

.

Naquele momento senti medo.
.
Lágrimas escaparam e eu logo as sequei.
Vi que existe um limite onde podemos ou não controlar nossas vidas.
.
.
.
Mais tarde chegaram visitas.
Eu não prestei atenção na conversa.
Pensava em outras coisas.
Mas prestei atenção numa coisa.
No momento da despedida.

Na oração feita fervorosamente, para aquele que segundo a crença em questão tinha o poder de mudar aquela vida.
.
.
.
.
Não temos o controle total de nossas vidas, sabendo disso as pessoas buscam aquele que tenha, porque acreditar que o controle disso não pertence a ninguém é muito doloroso.
.
Não temo por heresias.
Não temo por pecados.
.
.
.
.
Algumas horas depois eu me encontro na saída do hospital, sentada num degrau de pedra fria e dura.
.
No meu lado encontra-se um anão.
Um anão vendendo biscoitos.
Biscoitos por R$ 2,40.
.
.
.
Eu já havia conversado com ele.
Uma boa pessoa, que assim como a senhora, de formas diferentes, perdeu o controle de sua vida. .

Há também, na minha frente um homem de meia idade, que está limpando o chão de sua lanchonete.
Ele está somente com uma bermuda.
Está uma noite fria.
.
.
.
.
São 21:30h.
A bermuda era vermelha.
.
Não acredito que aquele tenha sido o sonho de sua vida, mas ele estava lá de qualquer forma.
O anão foi até ele, e ambos ficaram conversando por um momento.
.
Eu tenho muito respeito por todas as pessoas.
Faz parte da minha ideologia.
.
.
.
Faz parte de ser quem eu sou.
.
.
.
Todas elas pra mim valem muito.
Todos os tipos, todas as esquisitices humanas.
Todos os defeitos. Todo o submundo.
.
.
.
.
Não sei se terei respeito por mim se tudo der errado e eu perder o controle de tudo.
.
Tenho medo do tempo. Ele me apavora.
Tenho medo do meu corpo não me aguentar.
.
.
.
Quero guardar o mundo em mim, e me sinto tão cheia de todos os tipos de coisas que não sei se terei todo esse espaço.
.
.
Me sinto sempre a ponto de uma explosão.
.
.
.
Agora eu entro novamente no quarto de hospital verde claro chato.
Me aproximo para dar um beijo de tchau na senhora.
Suas mãos me procuram desajeitadamente.
.
.
.
Na sede.
No anseio.
Na ânsia.
.
.
.
Ela não tem vontade de me ver ir embora.
Realmente, fica um nó ao cruzar a porta.

.
Senhoras.
Tempos.
Mortes.
Anões.
Idéias.
Orações.
Biscoitos.
Livros.
Lanchonetes.


.
.
.
Noites frias.
.


.
.
.
Tudo dentro de mim.
Explodindo.
Hoje.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Só isso

"Meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim."

Eu.
Só isso.
Em essência.
Ao máximo impossível.

domingo, 27 de junho de 2010

Um pouco da minha vida no Moulin Rouge






O Moulin Rouge.
Uma casa noturna.
Um salão de dança e um bordel.
Um reino de prazeres noturnos, aonde os ricos e poderosos vem brincar com as jovens e belas criaturas do submundo.
Cantora de cabaré, dançarina de cancan...

Where is all my soul sisters?
Let me hear your flow, sisters
Hey sister, go sister, soul sister, flow sister
Hey sister, go sister, soul sister, go sister


It's time to get out
Step out into the street
Where all of the action
Is right there at your feet
Well...


quinta-feira, 24 de junho de 2010

Pra mim

Enlouquecida e descabelada ao virar as últimas folhinhas do meu calendário fictício.
Dias voaram, semanas desapareceram e meses se foram.
Tanta, mais tanta, mais tanta coisa em minha vida chegou, aconteceu, mudou, acabou.
Agora me encontro em um estado estável estranho.
Poemas? Não quero.
Histórias? Não muito.
Pensar? Por favor não!
Para mim, hoje, apenas algumas palavras dos últimos fatídicos acontecimentos de meus desventurados dias meses semanas do imaginário calendário alado.


Coragem.
Verdade.
Sem fôlego.
Noites em claro.
Fatos.
Beijos.
Ilusão.
Lágrimas.
Papel.
Marcas.
Mais noites em claro.
Música.
Dança.
E 7 e 8.
E mais coragem.
Olheiras.
Arrependimento.
Sentimento.
Dor.
Palco.
Luz.
Medo.
Show.
Caminhos.
Panos, muitos panos.
E mais muitas noites em claro.
Tristeza.
Desapego.
Cansaço.
Distanciamento.
Corpo.
Prazer.
Desprazer.
Substâncias.
Pessoas.
Tudo e mais um pouco.
O próprio ralo onde tudo passa.
Sugador de experiências que sou.
Enfim foi.
Tantas e tantas coisas.
Agora talvez...
Um tempinho pra mim?
Sim... por favor...
Pensar?
Não... não obrigada.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Ninguém

Quatro personagens:
Todo Mundo / Alguém / Qualquer um / Ninguém

Todo Mundo é Alguém
Ninguém é Ninguém
Todo Mundo quer ser Alguém,
Mas não um "Alguém Qualquer Um", um "Alguém Alguém"

Afinal, quem gostaria de ser.... Qualquer Um?
Um Ninguém?
E nessa luta de Todo Mundo querendo ser Alguém
Qualquer Um passa a ser Ninguém

Mas essencialmente, o que é ser Alguém?
Afinal de contas Todo Mundo é Qualquer Um!
Qualquer Um?
Ninguém

Texto feito com base no texto "Das Expressões", para exercícios cênicos com direção de Guilherme Santanna, no curso de Teatro da Universiadade Anhembi Morumbi.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Palavra

Vida.
Fazê-la, vivê-la, senti-la
Entender e mergulhar na sina

Uma lágrima, um riso
Uma verdade de mentira
Nossa estrada perdida
Brincadeira atrevida

Vida.
Entre pessoas e conflitos, laços e sorrisos
Abraços e suspiros, bonecos indecisos

Vida.
A vida exposta, exibida
Realidade distorcida
Aquela que canta, encanta, entristece e anima
Aquela, que enfim, no palco se firma

Retratada, escolhida
Estudada, desenhada e vivida
A vida de se imitar a vida
E viver sempre novas vidas revividas

O ato.
Ar de viver.
Vida correspondida.

Exercício feito com supervisão do diretor Guilherme Santanna, no segundo ano de teatro da Universidade Anhembi Morumbi.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Asa Delta!



No último sábado, realizei mais um vôo de asa delta, em Caraguatatuba, e devo dizer, maravilhoso!
Mais uma vez Samuel pilotou, e foi demais!

É impossível descrever a sensação de voar.
É algo que todo mundo deveria fazer antes de morrer.

Então, se você nunca vôou, pode colocar na sua lista de coisas pra fazer antes da morte que você não vai se arrepender.

Inexplicável.
Maravilhoso.

Links dos vídeos disponíveis no youtube:
Voando - Asa Delta
Asa Delta -vôo duplo - Samuel e Lívia - Caraguatatuba

Aí estão algumas fotos dessa experiência perfeita!




quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

5:28 AM

Busco palavras que não me descrevem.
Busco por sonhos que sempre enchem meus olhos de água e sal.
Busco por uma sede que não é saciada.
Busca a maré que leva e não percebe.


Quero atitudes que não aguento.
Quero verdades que se desmancham a minha boca.
Quero tornar as mentiras simples lembranças.
Quero respirar na água.



Só sei que as coisas mudam. As pessoas mudam.
Sei que somos muito menos verdadeiros do que gostaria que fôssemos.
Sei que vc me mantém prisioneira, e me acorrenta.
E sei que essa não é a sua intenção.
Sei e entendo que quanto mais tentamos esclarecer as coisas, mais confusas e embaçadas elas se tornam.


Não entendo o que escrevo ou sinto.
Passei pelo entender o desentendimento das coisas.
Tudo claro. Tudo embaçado.
Sei que aconteceu.
Sei que lembranças e rabiscos estão lá para mim.
Não sei o quanto isso é bom.
Não sei o que acontecerá.
Não sei se palavras me bastam.

Cartas, telefonemas.
Cinemas, bebidas e olhares.
Beijos, e não-beijos.

Um dia, um abraço.
Um dia, um toque.
Um dia que não volta. Voltará?

Sei que um dia...


Algo mudou.
Alguém surgiu.


Aconteceu.