"Um caminho que se percorre não com pernas, mas com coração. E onde o único desafio que vale, é percorrê-lo por inteiro."


domingo, 19 de abril de 2009

Velho gosto

Alta noite já sei ia, e no caminho dela parecia mesmo que ninguém andava.
Mais exatamente meia noite e cinquenta e sete. Esse era o que dizia o relógio na prateleira.

Seus olhos estavam cansados. Tudo era devagar. Tudo era nostalgia.
E a música repetida já soava diferente em cada nota, cada som que saia de um certo piano.
Eram poucas coisas na verdade. Um copo vazio, livros, cadernos e embalagens abertas de comprimidos.
Eram muitos pensamentos na verdade. Amor, futuro, pesares, dores, paixões, cheiros, gostos.
Gosto. E a nostalgia.
E de repente o que já se passara ainda estava vivo. Ali nas lembranças. Junto dela.
Via claramente, sentia e fluia. Entre toques.
Era só. Era só mas era nostalgia.
Era nostalgia por isso era dois.
Ou duas.
Três ou quatro. Gostava de desafios.
Ela ria sozinha observando a rua deserta. O som dos risos ecoavam longe.
Era frio e era nostálgico.
Seu corpo tremia quando o vento cortante chegava. Não só de frio o seu corpo tremia.
Era nostálgico e era gelado. Ou quente por dentro.
Buscou sua jaqueta de guerra. E naquela ação queria ter tido uma epifania. Uma revelação!
Mas não teve. Só a amiga nostalgia. Seria mais bonito dizer que ela finalmente percebeu algo muito importante. Tão importante a ponto de mudar a história ou a compreensão dos fatos. Algo que fosse quase matemático e poético ao mesmo tempo.
Mas não houve nada. Apenas uma velha mesa e uma antiga jaqueta azul.
Retorna aos pensamentos. Os beijos. Ah sim... Os beijos.
Ternos e açucarados. Certa vez amargos.
Ela olha pra frente e quer ver o caminho. Mas a nostalgia a segue. Afoga-a.
Ela espera pelo momento ou pela ação reveladora, que lhe trará novas esperanças. Uma ação de plena convicção, compreensão sobre a vida talvez.

Espera. Espera.
Espera.
.

Não aconteceu esse momento ainda. Ela desiste dele.
Segura sua face entre as mãos.
Sem fôlego.
Se entrega a companheira da noite. Nostálgica nostalgia.
Seus dedos delicadamente tocam a boca. E seus olhos fecham.


Silêncio.

domingo, 12 de abril de 2009

Lívia Vegetariana

Esses dias me peguei olhando o calendário e fiz a descoberta de que faz um ano e um mês que eu não como nenhum tipo de carne.
Sim!!! Só!!!

Fiquei surpresa! Muito surpresa!
Pra mim, é muito difícil acreditar que em alguma época da minha vida eu comia carne diariamente sem nenhum tipo de preocupação ou conhecimento sobre o que eu estava ingerindo, ou que impactos isso causaria a inúmeros animais e ao meio ambiente.
Se eu tenho alguma certeza na minha vida, é de que eu nunca mais voltarei a comer carne.
Na verdade eu estava pensando sobre isso principalmente por causa da sexta-feira "santa". Obviamente, na minha casa foi o típico bacalhau de inúmeros jeitos: cozido, assado, na salada, etc. E como é comum nesses encontros religiosos toda a família veio. Eu cheguei meio atrasada pro almoço, cumprimentei a todos e me coloquei no fogão para fritar alguns bolinhos de soja, fazer uma salada de alface e tomate, e cozinhar alguns pedaços de batata.
Quando e cheguei na mesa com a minha comida não teve outra. Foi o comentário geral! De uma coisa tão simples, na minha família causou o mesmo impacto que se eu tivesse entrado na cozinha totalmente nua dançando flamenco com uma melancia no lugar da cabeça!
E hoje (Páscoa) foi a mesma coisa! Enquanto estavam todos comentando alegremente sobre "comer a coxa do frango", ou "deixa o peito pra mim" ou ainda o "é tia! o bicho é muito grande mesmo!", estava eu novamente pegando a salada de batata e um pouco de macarrão.
Só que agora eu me irritei! Me irritei tanto, tanto, tanto.... Acho que eles nunca conseguiram me irritar tanto em relação a isso!
E eu vou provar! Semana que vem vou marcar um exame de sangue e serei a prova viva de que o ser humano não precisa comer carne para ter os níveis de proteína normais!
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Sobre esse assunto, gostaria de contar como foi que me tornei vegetariana...
Bom, conheci e tive muito contato com alguns amigos meus que era vegetarianos e defendiam essa causa, a Karine por exemplo! (Valeu ká!)
=) E assim minha curiosidade pelo assunto começou a aflorar...
Eu via fotos chocantes nos orkuts deles, e comecei a pesquisar na internet e a conversar com as pessoas sobre isso...
Então eu descobri um site que me ajudou muito! O Vista-se!
Ele tinha todas as informações que eu precisava! Respondia todas as minhas perguntas, dúvidas e afins. Não demorou e me cadastrei no site onde até hoje recebo diariamente as novidades.
Aqui estão algumas imagens de ótimas campanhas:





Pelo site, eu comecei a ter contato com vídeos e imagens disponíveis no youtube. Depois disso peguei com uma amiga emprestado o dvd "Terráqueos" e fiz uma cópia. Eu super recomendo esse dvd, pois ele nos mostra uma verdade que desconhecemos. Ele mudou muita coisa dentro de mim.
E há também um ótimo dvd nacional que se chama "A carne é fraca". Se eu não me engano custa apenas R$15,00 comprando na internet pelo instituto Nina Rosa.
Outros ótimos sites vegetarianos :

Depois de muito perguntar, pesquisar, me informar, encher o saco de vários vegetarianos pela internet eu resolvi simplesmente "tentar".
Acordei um belo dia pela manhã e disse: "Só por hoje eu não vou me alimentar de carne. Só por hoje. Pra ver como seria."
Ótimo! Tomei um café da manhã normalzinho.
E aí chegou o almoço. Lembro que estavam fritando filé de frango quando eu disse que estava fazendo um teste, e não queria comer aquilo naquele dia. Pronto! Falaram um monte mais eu ignorei. Continuei o dia sem absolutamente nenhuma dificuldade. E a janta foi facílima também.
Pronto! Acabou o dia! Foi fácil, simples e diferente do que muitos pensam "indolor"!
Desde aquele dia nunca mais comi carne. E aos poucos fui descobrindo outros sabores! Como a soja, o tofu, legumes e frutas que eu nem sabia existir e muito menos sabia o quanto são saborosas.
Pra mim o mais importante é que você simplesmente se importe. Tenha consciência do que você vai comer e de como isso pode interferir na sua saúde, no seu meio ambiente e principalmente na vida dos animais.

Será que é realmente correto você tirar a vida de um animal para poder comer?
Fazer ele sofrer horrores só pra aumentar o potencial do seu paladar?
Afinal, os animais também querem viver!
O que faz você pensar que a sua vida é mais importante do que a vida deles? Uma vez que eles também tem sentimentos, também sentem dor e tem uma vida assim como você!
Se você compra carne, você paga pela morte daquele animal. Se você tivesse que matar pra comer? Seria vegetariano?







Hoje não como carne, ovos ou tomo leite. Também não compro roupas de lã, couro, peles (com certeza que não!). Deixei de ir a zoológicos, circos com animais, ou de andar a cavalo (coisa que fiz uma vez). Pescaria nunca gostei e continuo não gostando. Te faz mais feliz furar a boca de um peixe? ¬¬

Porém ainda uso alguns derivados. Maionese, queijo, chocolate, massas...
Mas pra mim o importante é que hoje eu tenho consciência do que é, coisa que antes não me importava nenhum pouco.
Aos poucos estou tentando melhorar cada vez mais a minha alimentação, e me sinto muito feliz com isso, agindo de forma mais ética e consciente em relação aos animais.
É um alívio saber que posso me alimentar livremente sem causar mal algum a nenhum animal.

Consciência limpa.

Consciência limpa e olhos abertos.


O que todos deveriam ter.

domingo, 5 de abril de 2009

Esperas

Ainda irão esperar...
A espera gritante
Cortante
Raspante
Que escorria garganta acima
Naquele instante

Não adiantava fazer
Queria era gritar
Chorar, brilhar
Berrar
Cantar
Mas só havia de esperar

Onde, quando, como, porquê...
Nada havia, há de quê
E o ponteiro vai se movendo
E regendo

A espera parecia até cantada
Narrada
Talvez filmada
Ou apresentada

E a gente via...
Eles ainda vão esperar

Agir? Pra quê?
Não. Perigo.
Antes da espera
E eu te digo

Não fazerás
Roubarás
Matarás
Viverás
Consente e aquieta-rás