Abriu a porta lentamente e seu deparou com aquele quarto familiar. Já conhecia tudo naquele quarto, local de tantas lembranças, sonhos e insanidades. Aquele cantinho que guardava tantos segredos estava agora esquecido e abandonado.
O garoto que ali crescera agora já tinha ficado para trás, dando lugar a um outro ser, que talvez possa ser denominado homem.
Ele estava sozinho quando teve a repentina vontade de voltar a aquele lugar, de ver em cada objeto uma história pra contar. Na gaveta esquerda da escrivaninha havia aquelas cartas. Cartas de garotos, garotas, adultos e idosos. Palavras que ilustravam aqueles papéis.
Havia segredos atrás de cada lugar, de cada cantinho. Os brinquedos de infância, agora jogados ao chão pareciam ganhar vida, agir e invocá-lo.
Já não sabia mais distinguir o real do imaginário, o concreto do lúdico. Fantasia por todas as partes.
Ele não podia negar que não estava com medo de retornar ao quarto. De encarar o passado que ficou lá atrás.
Enfim seu olhar pairou sobre a porta retrato empoeirado que estava pendurado na parede escura. O rosto daquela mulher o assombrava quase todas as noites. Mas ainda sentia um prazer misterioso ao encarar aquele olhar e ver as curvas de seu rosto.
De repente ouviu um grito... Fumaça, muita fumaça invadia seus olhos...
Essa história não tem um começo, ou um fim, tem apenas um meio.
Quem era ele? Uma simples peça do cotidiano temporário que assola e transforma a humanidade. Quem sou eu? Eu sou ele, sou você, sou um sentimento, uma lembrança ou até mesmo uma simples história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário