"Um caminho que se percorre não com pernas, mas com coração. E onde o único desafio que vale, é percorrê-lo por inteiro."


quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Olhares pelo mundo






Hoje

Hoje eu não me preocupo mais.
Antes eu era um eu estranho.
Hoje não sou mais esse eu.

Hoje a palavra saudade tem outro significado pra mim.
Assim como perdão, paciência, tempo, amor e felicidade.

Hoje sou grata por coisas que antes não era.
A palavra saúde ganhou um espaço maior que antes.
Assim como família, amizade, cumplicidade, fidelidade e confiança.

Antes eu queria tudo.
Hoje me contento com o nada. Porque o meu nada já é tudo.

E hoje eu quero deitar no chão.
Sentir o sol no meu corpo.
Cair na piscina e fazer uma ligação pra alguém que eu não converso a muito tempo.

Hoje eu quero dar presentes caros e legais.
Hoje eu não quero bolo de aniversário.
Hoje eu envio cartas quilométricas e não espero as respostas.

Antes eu tentava esconder.
Hoje eu ponho em exposição.

Antes eu queria o triste.
Hoje eu quero todos os sentimentos misturados em excesso.

Hoje eu busco e vou atrás.
Hoje eu me mando e desmando.
Hoje eu vou embora quando quero.
Hoje eu quero e espero.

De manhã eu só meu pergunto: tem algo para comer? Um teto pra dormir? Um ar pra respirar?
Tá ótimo. Hoje eu vivo.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Primavera ¬¬

Primavera é realmente a minha estação preferida...
Calor, flores bonitas... tempo fresco e gostoso...

Mas tá frio!
Tô gripada!
Tá chovendo!

Ah.... fala sério!
¬¬

sábado, 4 de outubro de 2008

Uma história simples

Abriu a porta lentamente e seu deparou com aquele quarto familiar. Já conhecia tudo naquele quarto, local de tantas lembranças, sonhos e insanidades. Aquele cantinho que guardava tantos segredos estava agora esquecido e abandonado.
O garoto que ali crescera agora já tinha ficado para trás, dando lugar a um outro ser, que talvez possa ser denominado homem.
Ele estava sozinho quando teve a repentina vontade de voltar a aquele lugar, de ver em cada objeto uma história pra contar. Na gaveta esquerda da escrivaninha havia aquelas cartas. Cartas de garotos, garotas, adultos e idosos. Palavras que ilustravam aqueles papéis.
Havia segredos atrás de cada lugar, de cada cantinho. Os brinquedos de infância, agora jogados ao chão pareciam ganhar vida, agir e invocá-lo.
Já não sabia mais distinguir o real do imaginário, o concreto do lúdico. Fantasia por todas as partes.
Ele não podia negar que não estava com medo de retornar ao quarto. De encarar o passado que ficou lá atrás.
Enfim seu olhar pairou sobre a porta retrato empoeirado que estava pendurado na parede escura. O rosto daquela mulher o assombrava quase todas as noites. Mas ainda sentia um prazer misterioso ao encarar aquele olhar e ver as curvas de seu rosto.
De repente ouviu um grito... Fumaça, muita fumaça invadia seus olhos...
Essa história não tem um começo, ou um fim, tem apenas um meio.
Quem era ele? Uma simples peça do cotidiano temporário que assola e transforma a humanidade. Quem sou eu? Eu sou ele, sou você, sou um sentimento, uma lembrança ou até mesmo uma simples história.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Porcelana

Ela nunca tinha pensado na vida, apenas vivia.
Ela tinha uma pureza hipnotizadora em seu sorriso.
Vivia da maneira mais bela, e fácil. Era simpática a todos que cruzavam seu caminho. Sua meiguice e seu jeito de menina eram transparentes por sua alma.
Sempre era elogiada em tudo que se propunha a fazer. Sua família? A melhor possível! Papai, mamãe e irmãzinha da pura classe média alta. Lutavam por seus objetivos, mas nunca passaram alguma dificuldade. Seus amigos? Muitos! Estava sempre rodeada de pessoas alegres e felizes.
Seu rosto parecia esculpido por um anjo! Seu olhar inspirava poetas e seus cílios, dizem que são mágicos.
Era mais fácil viver sua vida perfeita e deixar os problemas dos outros a parte.
Foi quando passeava de noite, por uma rua suspeita. Um letreiro vemelho dizia: motel. Ela parou, ficou mirando o letreiro com seus olhos encantados.
Na porta havia uma figura humana. Ela não sabia dizer se era masculina ou feminina. Era simplesmente uma figura do submundo.
Os cabelos mais sedosos que já vira, com um olhar carente, com uma gota de maldade que o mundo inseriu. Sua boca suculenta, traços de um homem-mulher.
Seu corpo? O mais esplendido que a natureza poderia criar
Sua barriga e seus quadris pareciam os de uma bailarina, seguido de pernas belas que lembravam porcelana. Seus pés? Os mais perfeitos do mundo inteiro.
Vestia um espartilho. Sua saia de pregas rosa lembrava uma bailarina em sua caixinha de música. Meias transparentes vermelhas um pouco rasgadas, lhe faziam parecer uma colombina encantada. Seu olhar era terno, sofrido, que demonstrava um sentimento que nenhum homem ou nenhuma mulher seria capaz de mostrar.
Segurava uma pequena sombrinha de renda rosa e branca. Que a fazia a imperfeição parecer perfeita.
Quando ela mirou a figura deste ser mágico, se sentiu inferior. Pela primeira vez na sua vida viu a realidade do mundo de uma só vez. Viu a inocência e maldade: tudo de uma vez naquele olhar. Sentiu que queria ser outra. Qualquer uma. Ser diferente, ser como qualquer pessoa. Ser real.
Quando aquela imagem mirou os cílios mágicos da pequena boneca, por um segundo quase perdeu a pose magnífica.
Lembrou-se de sua infância. Fantasmas do passado voltariam a lhe assombrar.
A sujeira de sua alma misturava-se com a bondade nela contida.
Foi com um sussurro que voltou a realidade, ainda no mais puro êxtase.
Quando os dois olhares se misturaram as duas lembravam-se do que brincavam quando crianças.
Bonecas de porcelana.
Viu-se cacos de porcelana no chão naquela manhã.