Ponto de ônibus.
Centro da cidade.
22:28h
Frio. Chuva.
Pouca Roupa.
Despedida recém feita.
Silêncio.
Ou melhor, barulho.
Barulho do lado de fora, e silêncio dentro.
Como são bonitas as gotas da chuva caindo, quando você as olha contra a luz.
Contra a luz do poste.
Parecem bolinhas, brincando de dançar conforme o vento...
Caindo... Numa queda interminável, que não passa de uma brincadeira.
Do lado, um mendigo dormindo.
Imóvel.
Cru.
A dúvida.
Ele está mesmo dormindo? Ou já se foi?
Mais um que se foi?
Morte.
Luzes dos carros que passam e você nem percebe.
Passam como raios, rápidos e coloridos, mas incolores.
A cor não penetra no consciente.
Frio cortante.
A sensação das mãos duras e geladas.
Você se abraça. Sopra suas mãos e se aquece.
As bochechas vermelhas, coradas de frio.
Aquele frio que você, timidamente, sente um estranho prazer em sentir.
Aí você se lembra do seu cachecol no fundo do armário e do guarda chuva, que você odeia levar junto com você.
Porém, você gosta de sentir as gotas de água que o céu manda caindo no seu rosto vermelho do vento.
Um novo inverno começa a chegar. Mais um.
E você começa a se perguntar o que fazia no último inverno.
O que pensava, com quem estava.
E você sente um misto de vários sentimentos.
Saudade, raiva, alegria, tristeza, melancolia...
E chega aquele estado em que não se sabe mais o que pensar. Ou sentir.
Então você simplesmente relaxa, e sente o agora.
E se concentra nas gotas de chuva e no vento forte que bagunça os seus cabelos.
E você gosta.
Você se sente vivo.
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