"Um caminho que se percorre não com pernas, mas com coração. E onde o único desafio que vale, é percorrê-lo por inteiro."


sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Arte - Por isso é básico

Poema trabalhado na aula de "Estética do Espetáculo" pela professora Tânia.

A obra te retrata, eterniza e angustia
Por isso é universal
Porque o artista eterniza em sua obra
o momento crucial do belo que o homem comum vê passar inerte e com angústia.
Parte é salvadora. Salva a nossa percepção do
Belo Transitório
Podemos não decodificar mas nossa alma capta o essencial.
O olho racional é para a filosofia, mas o discurso poético só pede a emoção.

A arte não tem papel serve simplesmente para humanizar
Por isso é básico.

Erótico é tudo que pulsa vida.

Adélia Prado
Maravilhoso. Fiquei encantada em começar as aulas com esse poema.
Entendê-lo e desfiá-lo.
Em nossa obra nos encontramos, está a nossa essência.
A arte registra de forma bela o comum que o homem não vê.
A arte é transformação. Faz pensar.
Todo ser humano é dotado de emoção.
Por mais que nossa bagagem não decodifique a mensagem, o homem é capaz de sentir.
E nada há de mais puro na vida que sentir, e fazer sentir.
A arte não serve pra muita coisa. Ela humaniza.
E por isso é essencial, básico.
Erótico é tudo que pulsa vida.
Sim... quero arte!
Respirá-la, dançar com ela.
Me modificar e modificar o outro.
Ser a transformação ambulante em busca de perguntas. Respostas.
A fragilidade humana.
O essencial, o básico. O humano.
Que ela me tome e faça de mim o que quiser.
Sou dela, vivo pra ela e por ela.
Ah... arte, existiria mundo sem você?

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O andar

Era domingo.
Ensolarado e seco.
Eram 8 horas da manhã.
Silêncio e falta de movimento.

A rua estava deserta, calma.
Domingueira.

Nem os pássaros faziam muito barulho.
Algumas latas de bebida no chão.
Todas as portas da rua se mantinham fechadas, trancadas.
Sonolentas.

Ouve então um barulho curto e normal do cotidiano, mas que tomou uma proporção quase escandalosa naquele deserto domingo matinal.
Uma das portas se abriu.

Até o próprio rapaz pareceu se assustar com o barulho da porta, se abrindo naquela rua tão silenciosa.
A chave rodava para trancar a porta, e o metal brincava de sussurrar segredos pra dentro da casa, foi o que o rapaz pensou.

Olhou com uma expressão quase indefinível para a rua, e começou a caminhar.
Era agradável caminhar na rua sozinho. Domingueira santa.
Gostou de perceber o barulho que seus passos faziam na rua, o que nunca notara antes em meio a tantas multidões.

O rapaz, cabelos úmidos. De quem acabara de tomar banho.
Olhar sereno, semblante simples.
Roupas, calmas, e uma grande mochila nas costas.

Ele escuta novos passos, que vinham do final da rua.
Percebeu a nítida diferença entre o ruído de seus próprios passos e do outro ser.
Embora achava que reconhecia aquele peso nas passadas.
Ele já sabia de quem se tratava.

Um outro rapaz toma a rua em sua direção.
O segundo rapaz. Um pouco mais velho que o primeiro.
Um pouco maior, um pouco bonito.
Cheiro, não muito agradável.
Aparência, fortes olheiras.
Roupas, um tanto amassadas e coloridas.

Eles caminham.
E a caminhada parece durar horas.
O som de cada passo é uma tortura.

Passo.
Passo.
Passo.

A respiração não parece frequente.

Passo.
Passo.

Os dedos da mão parecem dormentes.

Passo.

Encontro.
Eles não trocam palavras.

Param um em frente ao outro e simplesmente se olham.
O momento foi breve, mas para os dois durou uma eternidade.

Afinal, começo de domingo é começo de domingo.
Domingueira insistente.

Nada foi dito.
Tudo foi explicado.
O olhar.
Rapazes.

E os dois voltaram a caminhar.
O segundo rapaz colocou a chave na porta cujo primeiro rapaz havia saído.

Um estranho desconforto no lado esquerdo do peito tomou conta dos dois.

(obs: continuação??? )